quarta-feira, 3 de junho de 2015

Maringá rumo às paralimpíadas

As irmãs Débora e Beatriz são as principais atletas brasileiras cotadas a representar o país nas paralimpíadas do Rio 2016

Débora e Beatriz também podem estar nos jogos Parapan- americanos de Toronto 2015.
Débora Borges Carneiro e Beatriz Borges Carneiro são irmãs gêmeas e escolheram a natação como principal método de desenvolvimento pessoal. As duas atletas possuem deficiência intelectual (uma espécie de atraso no conhecimento) e treinam de segunda a sábado na piscina da Vila Olímpica em Maringá – PR. Pelos bons resultados que alcançaram em competições, as duas estão cotadas para representar o Brasil nas paralimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.
Aos seis anos, começaram apresentar certa dificuldade em acompanhar os demais alunos de classe. Foi quando os professores alertaram sobre o problema para os pais. A partir daí fizeram consultas com médicos especialistas e psicólogos, e de fato constataram a deficiência. Em 2010, entraram na natação em uma academia particular, inicialmente como disciplina pedagógica, mas tiveram que interromper os treinos com a perda da mãe.
FOTO: IGOR MATEUS LIMA
Em 2012 com 14 anos, os médicos e o psicólogo orientaram o pai Eraldo Carneiro, a investir mais uma vez na natação. Foi quando elas iniciaram os treinamentos na Vila Olímpica sob coordenação da equipe técnica da APAN (Associação de País e Atletas da Natação de Maringá), e os resultados alcançados surpreenderam todos os treinadores, pois Debora e Beatriz se destacavam entre outros atletas.
Em 2013 participaram de um torneio oficial nos jogos Parajaps, realizado em Londrina – PR. Débora ganhou a medalha de ouro nos 100 metros peito e Beatriz o ouro nos 50 metros livre. Hoje elas estão relacionadas como as principais atletas, Beatriz em 48º lugar e Débora em 60º no ranking mundial. “Como pai, sempre me emociono com cada resultado alcançado. É uma satisfação muito grande vê-las crescendo cada vez mais”, comenta Carneiro.
No total Débora têm oito medalhas de ouro, 10 de prata e três de bronze. Já Beatriz alcançou 12 de ouro e oito de prata, ao longo dos torneios disputados. Como atletas paralímpicas, estão inseridas na categoria denominada S-14, que reúne somente atletas com deficiência intelectual. Também fazem parte da entidade responsável pelos atletas deficientes, a Associação Brasileira de Desporto para Deficiência Intelectual (ABDEM).  Hoje elas estão na equipe da União Metropolitana Paradesportiva de Maringá (UMPM), onde representam a cidade em jogos paralímpicos.
Em momento de descontração, durante a entrevista, Carneiro da risada ao responder quem arca com as despesas. “Quem banca é o ‘PaiTrocínio’ (risos)”, declara. Mas lembra que em 2014 recebeu uma ajuda importante nas despesas. “Com base nos resultados de 2013, o Governo Federal contemplou minhas filhas no programa Bolsa Atleta. Hoje elas recebem um valor que ajuda muito nas despesas com roupas, acessórios e etc”, lembra.
FOTO: IGOR MATEUS LIMA
Em 2015, Carneiro também recebeu um e-mail do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), informando que com base nos resultados das temporadas de 2013/14 e 2015, as duas tiveram os nomes selecionados na lista de atletas pré-credenciados aos Jogos Parapan-americanos de Toronto 2015. Elas terão a chance de representar a Seleção de Natação Brasileira nos jogos.
A treinadora Camila Senhorini Medeiros, diz que as duas têm totais condições de estarem representando o Brasil, além dos jogos Parapan- americanos de Toronto 2015. “Do ponto de vista técnico sim, elas são as melhores do Brasil na classe em que disputam, possuem recordes brasileiros e sul-americanos. Mas existe toda uma abordagem burocrática por trás disso, o que talvez não possibilite tempo hábil para elas”, afirma.
Para Débora, o sonho de estar representando o Brasil está se aproximando. “Estou ansiosa, é um sonho estar lá com vários atletas. Para isso estamos nos esforçando a cada dia em busca de resultados melhores”. Já Beatriz diz que não é tão difícil assim. “Basta ter força de vontade e buscar o seu sonho. Não vejo a hora de poder tirar fotos com nossos ídolos, como o Cesar Cielo, Tiago Pereira e até o Michael Phelps”, finaliza.
Nas Paralimpíadas de 2016, as duas disputariam quatro provas: 100 metros costa, 100 m peito, 200 m medley e 200 m livre. Dessas quatro, as irmãs entram com chances reais em três para disputarem medalhas, já que são recordistas nos módulos. Apenas o nado de costas é que há uma certa dificuldade, mas apesar disso, Debora e Beatriz não perdem a esperança de obter medalhas.
Igor Mateus Lima

Nenhum comentário:

Postar um comentário